Há obras que não são apenas pinturas — são retratos de um instante silencioso da alma.
“O Silêncio que Me Observa”, criada entre 1986 e 1988, nasce desse território íntimo e turbulento da adolescência, em um momento em que o mundo ainda parecia imenso e indecifrável. Pintada em papel A4, com lápis e tinta guache, essa obra traduz o olhar curioso e inquieto de quem começava a descobrir o peso e a solidão da própria consciência.
O que vemos é simples e, ao mesmo tempo, profundamente simbólico: um olho que observa através de uma cerca de madeira. Por trás das tábuas, um rosto aparece parcialmente — fragmentado, escondido, mas vivo. Esse olhar não se dirige a nada em específico; ele apenas existe, em estado de vigilância e introspecção. É o olhar de quem tenta compreender o mundo sem ainda se sentir parte dele.
A madeira, com seus veios marcados e tons frios, representa uma barreira entre o eu e o mundo exterior. Já o olho — grande, fixo e intenso — carrega a força do inconsciente, a necessidade de ver e ser visto, mesmo quando não se sabe exatamente o que se busca. Essa tensão entre o dentro e o fora, entre o visível e o oculto, revela uma fase de autoquestionamento e solidão silenciosa, tão típica da juventude.
Como artista, olhar hoje para essa pintura é revisitar um tempo de descobertas e medos. É perceber que aquele olhar, preso atrás da cerca, talvez já carregasse o desejo de liberdade criativa que mais tarde se tornaria o alicerce da NEX DECOR e de toda a minha trajetória artística.
Inserida na coleção Raízes, na categoria Labirintos da Alma, essa obra é um marco simbólico da minha expressão inicial — quando o impulso de pintar ainda era puro, intuitivo e cheio de incertezas.
“O Silêncio que Me Observa” é, portanto, uma lembrança do momento em que a arte começou a se tornar o meu espelho e a minha voz.
✨ Reinterpretação exclusiva na NEX DECOR
A releitura de “O Silêncio que Me Observa” está agora disponível em uma nova versão na loja virtual da NEX DECOR, reinterpretada com técnica contemporânea e fiel ao espírito da obra original.
Um convite para quem deseja sentir, nas paredes do seu espaço, o diálogo silencioso entre tempo, memória e identidade.
