Há obras que nascem de um impulso criativo, e há outras que nascem de um sentimento profundo, de um lugar que nos habita mesmo quando estamos longe. O Silêncio da Terra pertence a esse segundo grupo — uma pintura que carrega dentro de si o som da memória e o silêncio das minhas origens.
Essa obra é um retrato fiel da frente da minha casa, no interior de São Gonçalo do Amarante, no Ceará. É um pedaço real do meu cotidiano de infância, um cenário que ainda hoje permanece gravado na memória: as palmeiras firmes, o solo seco coberto por pequenas flores e folhas caídas, o céu sempre aberto e generoso, e aquela sensação de tempo parado, como se o vento soubesse respeitar o silêncio da terra.
Ao criar essa pintura, busquei traduzir não apenas o aspecto visual da paisagem, mas o que ela representa emocionalmente — o vínculo com a terra natal, a simplicidade do interior e a força simbólica da natureza sertaneja. Cada traço carrega um afeto; cada cor traduz um estado de espírito. O azul do céu contrasta com o amarelo terroso do chão, como um diálogo entre o calor da vida e a serenidade da lembrança.
O Silêncio da Terra faz parte da coleção “Raízes”, um projeto que nasceu do desejo de registrar e reinterpretar lembranças pessoais, conectando o passado com o olhar artístico contemporâneo da NEX DECOR. Essa coleção convida o espectador a revisitar suas próprias origens, reconhecendo na arte o poder de eternizar o que é simples, mas essencial.
Ao revisitar essa pintura, percebo que ela fala de pertencimento. Fala de um Brasil que resiste, floresce e se reinventa mesmo nas condições mais áridas. E é justamente esse contraste — entre a dureza da terra e a beleza que dela brota — que define a alma da obra.
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