A pintura “Dezoito” foi criada no dia 20 de outubro de 1988, quando completei 18 anos. Feita em papel A4, com lápis e guache, é uma obra simples, mas carregada de significados. O número 18 aparece em forma de vela de aniversário, iluminando o fundo escuro, enquanto apenas os meus olhos observam atentamente as chamas. Ao lado, quase imperceptível, uma mala pronta, símbolo silencioso de uma decisão que mudaria completamente a minha trajetória.
Esse trabalho nasceu em um momento de virada. Ao mesmo tempo em que celebrava a chegada à maioridade, eu também marcava a despedida de minha querida cidade, São Gonçalo do Amarante, no Ceará. Poucas semanas depois, deixaria aquele pequeno espaço onde vivi meus melhores dias apesar de todos os desafios e daria início a uma jornada rumo ao desconhecido. A mala ao lado das velas era, portanto, muito mais do que um detalhe pictórico: era a representação de um caminho novo, traçado com coragem e esperança.
Apesar da simplicidade técnica, a pintura expressa a intensidade de uma fase em que sonhos e incertezas se misturavam. O contraste entre o fundo preto e a luz das velas simboliza a escuridão do desconhecido sendo atravessada pela claridade de um futuro possível. Os olhos, que se destacam na composição, revelam a firmeza de um jovem que, mesmo diante das dificuldades, enxergava além do presente.
Hoje, quase quatro décadas depois, “Dezoito” se revela como um registro emocional de um marco fundamental: a transição entre adolescência e vida adulta. Mais do que uma memória, é uma prova de que a arte pode guardar momentos íntimos, transformando sentimentos em símbolos que permanecem vivos no tempo. Essa obra, ainda que nascida de recursos simples, carrega em si a profundidade de um rito de passagem.
Na NEX DECOR, acreditamos que cada quadro tem o poder de contar uma história. A releitura de “Dezoito”, agora reinterpretada em impressão canvas, busca resgatar essa mesma intensidade com riqueza cromática e novos elementos que ampliam sua potência visual. É um convite para refletir sobre os próprios caminhos da vida, sobre os momentos de decisão e sobre as luzes que guiam cada partida.